27 setembro 2010

É só um Poeta

Já faz um tempo que minha "inspiração" pra música e poesia deu uma estacionada. Se você compõe sabe do que estou falando. Passar dias sem criar nada é uma frustração!
E não vejo isso apenas pra música/poesia. Se você trabalha com qualquer área em que precisa inventar, criar, inovar e não consegue mais tirar suco da sua mente, começarão a aparecer consequências. Primeiro: O bicho pega pro seu lado. Todos tem uma expectativa de você, ou às vezes é até pago pelas suas ideias. Segundo: você se pega inconformado. "Pra onde foi a minha criatividade???" É como se aquilo para o que você sente ter nascido, de repente fugisse pro deserto, ou está escondido mesmo atrás da cômoda da casa. As ideias desaparecem como canetas BIC. Pois é, pra quem nunca notou, as BICs surgem e somem, ninguém sabe de onde elas vem ou pra onde vão.
Bem, nessas minhas desatividades musicais, conversei com Deus. Sei que Ele, como Criador, deu ao ser humano a criatividade junto com a sua imagem em nós. Mas só conseguimos criar à partir do que já é criado. Deus, pelo contrário criou o mundo do nada. Quando nos transforma pela sua graça na conversão, Ele dá vida a um coração onde só havia a não-vida (Ef 2.1-7). Será que há algo em minha conexão com o supremo Poeta que está sem sintonia ou sujo? Aquele que me “inspirava” e me impressionava tem ainda me deixado de boca aberta? A vida cotidiana, o romance, a natureza, todos vindos dEle perderam o sabor?
Ainda nesses dias, conversei com minha namorada que soltou uma sentença genial. “Ok, você pode não estar conseguindo compor, mas um poeta é sempre poeta. Ele não tem como fugir disso.” Genial! Mas eu ainda me questiono que tipo de poeta eu sou. O que me falta para escrever? A caneta parece até engasgada. Mas das orações a Deus e de um papo ao telefone, me voltou o sorriso no rosto. Compus novamente sobre não conseguir compor.

            Inda ontem me disseram
Que o poeta é sempre poeta
E sem querer, sem perceber
Já se fez poeta

‘Inda que mal-compreendido
O poeta encontra sentido
Em compor sobre o amor
Ou a dor de ser poeta
Sem questionar se é a coisa correta
Só se deixa ser poeta

‘Inda sente certos dias
Não escrever por sua autoria
Quem o encontrou, co’ele trombou
Foi sua própria poesia

‘Inda sobre esse poeta
De onde as idéias surgem e somem?
Numa fração de inspiração
Coração de um homem
Que ainda se sente criança inquieta
Mas no fundo é só poeta

Toma minha mão e me faze escrever
Algo que faça Você sorrir pra mim
E eu amar mais Você

15 setembro 2010

Crises e Krisis

Os últimos dias aqui no Seminário tem sido de constante crise. Decisões futuras, emoções intensas, dúvidas, estudos longos... E como já tenho um pouco do pecaminoso costume de supervalorizar as coisas (talvez vestígio do lado pessimista do poeta), perco o rumo várias vezes em uma semana.
Particularmente, entendo que crises são sempre momentos decisivos para a formação do caráter. Medicinalmente falando, "ponto de crise" é o ponto crítico do estado de um paciente, em que, à partir de então, ou haverá uma recuperação progressiva, ou perdas irreversíveis, possivelmente a morte. Tratam-se no geral de problemas do corpo. Contudo, nosso entendimento e coração são levados a pontos de crise com todas as nossas decisões, menores ou maiores. E a conseqüência em nosso humor é proporcional ao valor que damos à decisão e suas conseqüências.
E essas decisões é que vejo sendo constantes comigo. Sério mesmo, descobri meu lado melancólico apenas em 2010. Antes, eu me achava o cara mais normal e equilibrado do mundo. Mas não sou. O pecado do orgulho ferido, da super-exigência tem saído de mim. Parafraseando Lutero, o “velho malandro dentro de mim” ainda quer me controlar.
No entanto, vejo isso com bons olhos. São parte do preparo de Deus sobre mim. Hoje estive lendo o livro “Etapas na vida de um líder” de Robert Clinton. Frustrações, em especial no princípio de vida ministerial não deveriam existir. As atividades e a produtividade ainda não podem ser colocadas como medidas. Hoje, Deus quer agir mais em mim do que através de mim. Pelo menos agora. É o processo através do qual ele me qualificará a ter um discernimento correto.
Originalmente falando, a palavra Crise vem do grego krisis. Significa um ato de julgamento, divisão entre partes feitas por uma autoridade. Geralmente, na Bíblia, vemos krisis associado com o Juízo Final, onde Deus separará Trigo e Joio.
Em escala menor, Deus já começou um processo de juízo na vida dos seus adoradores. Ele está separando o “velho malandro” do novo coração. Independente do que sinto agora, prefiro arriscar em confiar em quem tem mais juízo do que eu. Contudo, é uma cirurgia como qualquer outra, que deixa dores e cicatrizes. Não tenho a menor dúvida de que o processo continuará trazendo dolorosas crises. Mas com certeza tira o câncer que pode me levar à loucura.

07 setembro 2010

Fusão Fé + Vida

Cada vez que me encontro com jovens e adolescentes, vejo uma postura claríssima. Nossa geração pós-moderna foi corrompida pela estagnação. Não sabemos mais o que queremos, nem com o que devemos assumir responsabilidade. Se você trabalha em algum ministério da sua igreja (e se não trabalha já é um sinal de comodismo!), tente convidar algum dos jovens para auxiliar em uma programação, apenas um dia, que seja. A resposta básica e muito provável é uma: Não. A justificativa? Não é uma, mas milhares. A família, os estudos, a distância, o dinheiro...
Enfim, a mais cotada, e raiz de todos é a falta de tempo. Eu mesmo vivo reclamando da falta de tempo, e excesso de responsabilidades. Mas tenho percebido se tratar de uma perspectiva errada. Recentemente assumi uma postura. Não digo mais "Não tenho tempo." Substituí por dizer "Cara, não é minha prioridade agora. Não posso."
Uma frase esses dias me fez pensar nisso. É mais ou menos assim: "Quem quer arruma um jeito, quem não quer arruma uma desculpa". O princípio é o mesmo. Não decidir muitas vezes é não querer, ou medo de errar. E aqueles que são cristãos mais "fervorosos", sempre dizem que vão orar a respeito. Mas por que oramos tanto para decisões dessas, se não oramos quando nos perguntam quantos pães queremos comprar na padaria? Ou qual filme vou alugar hoje? Ou quanto de crédito vou colocar no celular amanhã? Parece que estão esperando Deus decidir por nós mesmos. Por que não assumir que não sabemos o que desejamos?
Precisamos orar, não por decisões, mas para vermos uma juventude que sabe assumir riscos, menos cômoda, mais corajosa e responsável. Que corra atrás de seus interesses e sonhos, sabendo que a maior resposta de Deus será o fechamento das portas, não nos empurrar pra dentro das abertas.